terça-feira, 17 de junho de 2008

Dia Três ou Os mortos-vivos

A luta com o intruso na noite passada tirou-nos o sono e não conseguimos sequer recuperar da maratona turística do dia. E, quando eu não durmo ou não como o suficiente, fico tão irritada que ninguém me atura. Mas não há mau humor que resista ao encanto desta cidade! Ao fim de alguns minutos junto aos canais, o stress deu lugar a um estado de contemplação pura. Almoçámos demoradamente num banco de jardim a ver os barcos a passar e partimos à descoberta da zona comercial. No cruzamento da Heiligeweg com a Kalverstraat encontrámos um dos monumentos preferidos do D.: a Diesel Store. Entrámos como em todas as cidades por onde temos passado e comecei a sentir-me observada. Subi para o piso dois para ver a colecção feminina e, quando estou a descer para o rés-do-chão, vejo-o a conversar animadamente com um dos empregados. Qual não é o meu espanto quando os ouço a falar português com sotaque madeirense! Tinham andado no mesmo colégio em miúdos e já não se viam há seis ou sete anos. O novo (velho) amigo veio para a Holanda fazer carreira no futebol, mas as barreiras falaram mais alto e o sonho ficou pelo caminho. Depois apaixonou-se por Amesterdão e por aqui ficou. Chama-se Diego, é natural do Curaçao, foi parar à Madeira por causa da bola ainda criança e diz que quer voltar para lá... um dia. Saímos da loja com a promessa de uma grande festa na noite seguinte e continuámos o nosso passeio.
Precisávamos urgentemente de algo que espantasse o sono e decidimos entrar num daqueles barcos que fazem uma visita guiada pelos canais. Começámos perto da Damrat e corremos toda a zona antiga da cidade, Red Light incluído. Passámos por esplanadas apetecíveis que ainda não tínhamos visto, por uma faculdade e por uma série de outras coisas que eu teria visto se não estivesse de olhos fechados! O sol estava tão forte e o barco era tão abafado, que acabei por me deixar embalar. O D. ia falando comigo, apontava para ali e para acolá e eu acenava com a cabeça sem dizer uma palavra. O que vale é que ele tirou dezenas de fotografias e depois vou poder ver com calma o que perdi... De regresso à Damrat, estávamos ainda mais moles do que no início, mas cedemos à tentação de nos alaparmos numa esplanada. Em vez disso, continuámos a caminhar em direcção a Jordan, para ver a casa onde Anne Frank se escreveu o diário da sua clausura. Pelo meio, ainda provámos as famosas batatas fritas de rua e entrámos no Magna Plaza, uma antiga central de correios que se transformou num centro comercial imponente.
O dia acabou como começou: com uma grande dor de cabeça. Fomos para o nosso novo hotel de malas aviadas - a minha em mísero estado porque tive de forçar o cadeado que teimava em não abrir - e encontrámos um quarto mínimo e por limpar. Lá tivemos que adiar uma vez mais o descanso e aguardar que a recepcionista desse conta do recado. Nem acredito, que estou deitada! O quarto é tão pequeno que temos de economizar espaço e coordenar-nos para nos conseguirmos mexer. esta vez, não há mesmo lugar para intrusos! Amanhã, logo veremos....

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