terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Porque é Natal...

Porque é tempo de balanços, balancetes e balancés. De comemorar vitórias épicas, grandes sucessos, conquistas comezinhas. De menosprezar as derrotas, abafar os medos e ganhar fôlego. É tempo de reunir a família e sonhar 2009. É tempo de calar os velhos do restelo. Neste hiato, é tempo de esperança!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Borges

"Se eu pudesse viver novamente a minha vida
Na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido,
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiénico.
Correria mais riscos
viajaria mais,
contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas,
nadaria mais rios.
Iria a lugares onde nunca fui,
comeria mais sorvetes
e menos favas,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui dessas pessoas que viveu sensata
e minuciosamente cada minuto da sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar atrás trataria
de ter somente bons momentos.
Porque, se não o sabem, disso é feita a vida,
só de momentos; não percas o agora.
Eu era desses que nunca
iam a parte nenhuma sem um termómetro,
um saco de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se pudesse voltar a viver, viajaria mais leve.
Se pudesse voltar a viver
começaria a andar descalço no princípio
da Primavera
e continuaria descalço até ao fim do Outuno.
Daria mais voltas no carrossel,
contemplaria mais amanheceres,
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas vejam lá, tenho 85 anos e sei que estou a morrer."

Nice store



Chama-se Nice Day, Nice Things e descobri-a esta segunda-feira, em Aveiro, no final da minha jornada em busca das botas perfeitas. Já era de noite, estava um frio de rachar, mas a loja era tão bonita que não resisti a entrar. Com uma decoração de inspiração nórdica e, ainda assim, muito cozy, e roupa com um toque vintage, foi amor à primeira vista! A boa notícia? Também há cá em Lisboa, na Av. João XXI. Apaixonem-se em www.niceday.es.

Toxic

"Is it possible to hate and to love the same person at the same time?"

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Inspirador. No mínimo.

"Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.
Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas. Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país seremos se não o fizermos."

Mário Crespo

Últimas compras

Comedida, controlada, consciente, poupada, racional é assim que me defino como consumidora. Antes de me atirar às tendências da estação, faço sempre uma vistoria completa ao meu querido roupeiro para decidir o que fica e o que sai. É que, de outra forma, não estão permitidos novos intens! A selecção é 80% racional e 20% emocional e processa-se mais ou menos da seguinte forma: se não usei no último ano, vai fora; se já não me serve ou fica mal, também; se está completamente fora de moda, fica sujeita a segunda apreciação; se me faz recordar uma fase menos boa, por muito gira que seja, vai fora. Assim, só fico com as peças que realmente uso, que me assentam bem e que não carregam más energias. As rejeitadas dividem-se entre as categorias "vai ficar lindamente a x" ou "há mais quem queira". Por fim, aquelas peças absolutamente demodé ficam no armário na secção "dias melhores virão", porque nunca se sabe quando voltarão a estar na moda... E, claro, ainda podem fazer um brilharete no Carnaval! Mas nem sempre a selecção é pacífica. Por um qualquer motivo irracional, vou insistindo em guardar um ou outro par de jeans tamanho 32 que jamais irei vestir. No meu inconsciente, escondo o sonho secreto de voltar a caber neles, o que é ridículo tendo em conta que já não sou uma criança, nem mesmo uma teen, e já visto o 36 com alguma dificuldade. Mulheres, diriam alguns! Tirando um ou outro momento de ansiedade, esta fashion cleaning até é terapêutica e pode bem substituir uma sessão de meditação ou psicanálise. E, no fim, ainda há aquela sensação gratificante de poder dar o que já não me serve e está em bom estado a quem realmente precisa.
Feita esta escolha, faço com a estante dos livros: este li e não vou voltar a ler; este li e é óptimo para x ler; este não li, mas vou ler mais tarde; este gostei e vou voltar a ler; este gostei tanto que preciso de comprar mais deste autor, etc. Só fica o necessário e o superfluo vai embora, porque livros a ganharem pó são um desperdício, por isso mais vale encontrar-lhes um novo dono do que votá-los ao abandono. E, depois da última sessão de terapia arrumacional, fui para a FNAC gastar os meus últimos Cadeos nestas três "novidades":



E, se a eles juntarmos umas quantas pecitas de roupa, sinto-me quase uma SHOPAHOLIC!!!!

domingo, 23 de novembro de 2008

A Música da Semana

Lembram-se daquele post em que vos falei que estava a preparar-me para recomeçar? Pois bem, tal como andei a apregoar nos últimos meses, vou mesmo mudar de trabalho em Janeiro! Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, já diziam os antigos... Vou deixar o jornalismo em stand-by e atirar-me à gestão de marketing. A empresa é nova, o conceito também e eu estou sempre pronta para aprender. Com um pouco de sorte e os contactos certos, ainda ganho balanço para realizar alguns sonhos. E esta experiência servirá de trampolim para, mais tarde ou mais cedo, CRIAR algo MEU!

Por isso, deixo-vos com uma brilhante versão de Changes do Bowie, escrita e cantada pelo carismático Seu Jorge.

Pecado mortal

Tenho uma inveja incomensurável dos egoistas. Daqueles que fazem o mundo girar à sua volta. Que conseguem sempre fazer prevalecer a sua vontade à dos outros. Que não se importam de quebrar promessas por motivos de força maior - leia-se a sua vontade. Que esperam que os outros esperem por eles e, que sabem, que se não esperarem são os outros que perdem. Que estão cobertos de razão venha o que vier. Que não têm a generosidade de deixar de fazer o que querem para agradar aos outros. E imagino que à noite ainda durmam como uns anjinhos!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O "anúncio"

Jovem licenciada com medo de morrer de tédio, procura uma oportunidade para aprender coisas novas e mostrar o que vale.

Oferece:
-Formação em Ciências da Comunicação;
-Experiência de três anos em jornalismo;
-Experiência recente em guionismo;
-Experiência na organização de pequenos eventos empresariais;
-Dinamismo, criatividade, perseverança, empenho e paixão;
-Facilidade em comunicar e estabelecer relações intra-pessoais;
-Interesse por música, cinema, teatro e expressões artísticas em geral;

Aceita:
-Remuneração acima do nível de exploração;
-Ofertas de trabalho nas áreas de comunicação social e institucional, projectos culturais, produção e redacção audiovisual;
-Desafios e actividades que estimulem o crescimento pessoal e profissional;
-Viajar dentro e fora do país, se necessário;

Gostaria de:
(se não fosse pedir muito...)
-Trabalhar com pessoas interessantes e com garra;
-Desempenhar funções na área da Grande Lisboa ou fora do país;
-Estar constantemente a aprender;
-Que os dias não fossem sempre iguais;

Se alguém conhecer alguém que tenha ouvido falar de alguém que esteja à procura de alguém como eu, não hesite em contactar através do mail correiovertiginoso@gmail.com. Já sei que somos muitos à procura mais ou menos do mesmo, mas não custa nada tentar!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Figas

É o que vou fazer até saber o resultado das eleições. Por enquanto, contento-me com o facto de Obama ter bom gosto musical. Esperemos que seja ele o Mr. November!

PS: A músicade fundo (Fake Empire) é dos The National e faz parte de Boxer.
PS2: Tive de tirar o video, porque encravou-me o blog. E, como eu não sou de contrariar as máquinas, achei melhor fazer-lhe a vontade.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Anti-stress urbano

A propósito do post anterior, lembrei-me de uma sugestão brilhante para melhorar a vida nas cidades: um espaço para gritar a plenos pulmões! Esta ideia luminosa partiu de uma menina de 8 anos e ouvi-a em tempos no programa do Alvim. Não acham que seria útil?

Maluquices

Porque a vida urbana (às vezes) é demasiado stressante, temos de perder a cabeça (de vez em quando) a bem da nossa sanidade mental! E, a pensar em todos os que andam embrenhados neste caos organizado, o grupo Todos a Marar preparou um evento muito especial: uma LUTA DE ALMOFADAS. Aqui fica o vídeo desta bizarra guerra, que teve lugar na Praça Luis de Camões, em Lisboa. Ah, e parece que é terapêutico, por isso se fosse pago devia deduzir-se no IRS!



PS: A ideia do post foi "roubada" ao Il Messagero do Desbobina, um blog a visitar!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mais do mesmo...

...e, ainda assim, algo complentamente diferente. As Au Revoir Simone recriaram Oh You Pretty Things do Bowie e o resultado é SUBLIME. Um fim-de-semana daqueles para todos!

PS: Este cover está incluido em Life Beyond Mars, um álbum imperdível que presta homenagem ao mestre camaleónico.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Hoje estou (mais ou menos) assim

Prometi a mim mesma que não ia usar o meu centésimo post para comemorar este pomposo número. Ups, parece que acabei de fazê-lo! Bem, pelo menos não me pus para aqui a escrever sobre a falta de visitas. Bolas, outra vez?! Daqui a pouco estou a congratular-me por não ter desistido e por continuar a tentar tornar este blog numa boa companhia. Lá está, sou mesmo uma desbocada e não há nada a fazer...

Para me redimir deixo-vos com The Lucky One das Au Revoir Simone. Uma canção optimista para alegrar o dia que depressa se fará noite. Enjoy!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Tejo e nosso


Se tal como eu adoram passear junto à "margem de cá" do rio, não trocam o brilho que ele dá a Lisboa nem por nada e querem poder senti-lo de perto por muito mais tempo, apressem-se a assinar a petição.

Lisboa é das pessoas. Mais contentores não!
http://www.gopetition.com/online/22835.html

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cansar é morrer!


Amanhã "as meninas" vão arrasar Lisboa com um concerto há muito esperado. Depois de nos deixarem pendurados em Julho - eu não ouvi o anúncio do cancelamento e fui ao Alive para vê-las - voltam para matar saudades da gastronomia portuguesa! E a lista de petiscos pedidos para os jantares antes dos concertos na capital e na invicta inclui bacalhau e pasteis de belém, segundo confessaram numa entrevista à rádio a semana passada.
Mas o real motivo da visita é outro: Donkey, o álbum que dividiu a crítica. Já se sabe que não há amor como o primeiro e Cansei de Ser Sexy foi recebido com uma euforia consensual. E, nestas coisas da música, quando se faz um álbum como aquele é difícil manter o nível. Parece que todos ficam a torcer para que o segundo não suplante o primeiro e, mesmo que o faça, dificilmente se assume. Foi assim que muitas bandas se imortalizaram com um único trabalho - talvez com medo de estragar tudo com o temível segundo. Mas "as meninas" têm garra e não se deixam assustar com pouco. Pelo contrário, ousaram sair do seu registo inicial, apostaram numa sonoridade mais pesada, mais rock, mais punk - que, por vezes, me lembra um pouco os suecos The Sounds - e, ainda assim, muito dançável. Uns adoraram, outros disseram que ficava aquém das expectativas. Certo, certo é que elas continuam a vender que se farta. Nos quatro cantos do mundo. E eu acho muito bem!

Fim-de-semana gorado


O quarto colonial do Tembo Bed & Breakfast esperava-nos este Sábado. Nós torcíamos que o sol estivesse do nosso lado e já sonhávamos com passeios bucólicos de bicicleta, mergulhos na piscina e um jantar em Estremoz. O dia nasceu esplendoroso e nem sinais do D., que continuava em reportagem. Eu estava inquieta como sempre com a mania de temer o pior. Ele voltou cansado e com a testa a arder. Caiu no sono a acreditar piamente que acordaria melhor e com força para os cento e tal km de estrada que nos afastavam do tal paraíso. O sol continuava a brilhar e os ponteiros do relógio tornavam o Tembo cada vez mais distante. Eu saí para sorver aquela luz. Ele acordou melhor, mas fraco e desiludido. O Tembo ficou para outras núpcias e nós vimos Lisboa anoitecer junto ao rio e jantámos no Bica do Sapato.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Há dias assim...

Break my arms around the one I love
And be forgiven by the time my lover comes
Break my arms around my love

The Daughters of SoHo Riots, The National

Bipolar III

Sou pela igualdade entre os sexos, mas não suporto um homem que não seja cavalheiro!

Confissões e comoções

"Eu chorei quando vi o Peter Pan no cinema e fui gozada por um puto de 8 anos."
"Eu choro sempre que a selcção perde. E quando ganha também..."
"Eu chorei a ver as Marés Vivas."

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

I won' fuck this over!

Não sou a Miss November, mas também estou decidida a não estragar tudo desta vez. Nos os últimos anos, ganhei o hábito de pensar sempre que as coisas não vão resultar. Imagino-me de frente para a meta a escorregar, a desistir a meio ou simplesmente a levar um tiro do árbitro no momento da partida. Nunca me vejo a chegar e a saborear a vitória. Eu que sempre fui tão optimista e confiante e que via sempre oportunidades onde os outros viam problemas, vejo-me aos 25 anos a falar (quase) como um velho do Restelo! Tenho levado alguns trambolhões, é certo, mas em vez de ficar mais forte como a menina positiva de outros tempos, fui perdendo a garra. E passei tanto tempo à espera de um milagre, ou por outra, à procura "proactivamente" de uma mudança, que agora havia de mudar (quase) tudo de uma só vez! Claro que para quem já se habituou a desilusões, não é fácil aceitar tantas mudanças boas sem desconfiar que o presente vem envenenado...

Como diziam aqueles outros que apareceram e desapareceram num só fôlego, "É só contar até 3. 1, 2, 3 Vou nascer outra vez." Agora que tenho (quase) tudo o que queria, ou melhor, agora que estou em processo de renovação, I won't fuck this over!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

E esta, hein?!


Nando's é o nome de uma cadeia de restaurantes criada por dois amigos, Robert e Fernando - este segundo de origem portuguesa - na África do Sul. Começou por chamar-se Chickenland e depressa o frango com priri-piri que serviam se transformou numa especialidade comentada. A notoriedade levou-os a mudar de nome e a lançar-se à conquista do mundo como os impetuosos navegadores portugueses de outros tempos! Depois dos sul-africanos, foi a vez de os ingleses provarem o tempero picante do frango Nando's. Gostaram, choraram por mais e, actualmente, já há 190 espaços destes em terras de Sua Majestade. A especialidade continua a ser o "tradicional" frango de churrasco que nós tanto gostamos, bem como as sandwiches e hamburgueres de frango bem condimentadas. O serviço de take-away é bastante requisitado e os molhos Nando's para cozinhar em casa também fazem sucesso. E o galo de Barcelos é o símbolo desta espécie de McDonald's de inspiração lusa!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Os meus quinze segundos de fama

Sei que tenho andado um bocado desaparecida, mas acreditem que é por uma boa causa! Para além de continuar à procura de uma nova casa à minha medida, estou embrenhada num novo projecto que mantém a minha mente ocupada para lá do tempo de escrita e que vos convido a descobrir.



E agora não se acanhem! Participem no casting da 2ª temporada da série T2 para 3, que arranca já no próximo dia 27, em Lisboa. Depois disso, os júris vão a Aveiro, ao Porto e a Braga e não descansarão até encontrarem o Leo, a Clara e a Diana, os protagonistas desta aventura académica.

domingo, 12 de outubro de 2008

Eu e o Proust

Descobri hoje que temos algo em comum. Infelizmente, não é o talento natural para narrar histórias, nem a notoriedade, nem a espartana disciplina de escrita e sim a falta de jeito para o desenho. Nenhum de nós é perfeito, portanto!

PS: Se quiserem comprovar a veracidade dos factos, não percam a exposição Desenhos de Escritores patente no Museu Berardo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Josh in the sky with diamonds



PS: Já que não me deixam escrever títulos na língua de Sua Majestade, aqui está a vingaça!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Inventário

Un serment a l'eau
Deux paroles en l'air
Trois petits bateaux
oublies par terre
un peu de ta bouche
beaucoup de ta gueule
Quatre poils dans la douche
tu vivrais mieux seul
tes erreurs
mes jugements
mes jurons
tes errements

et aprés ?

apres on réve d'avant
rien de secret,
tout se perd,
de quoi avons-nous l'air
a l'heure de l'inventaire
de quoi avons-nous l'air
de quoi avons-nous l'air

Cinq minutes chrono
on fera mieux demain
Six mauvaises photos d'inceste ou d'un saint

Sept appels de ta mere
1 message par heure
tu pourrais decrocher
marre du repondeur
tant est plus pour trois fois rien
trop de mal pour un bien
au bout du compte
amour tu m'aimes combien ?

rien de secret,
tout se perd,
de quoi avons-nous l'air
a l'heure de l'inventaire
de quoi avons-nous l'air
de quoi avons-nous l'air
de quoi avons-nous l'air
de quoi avons-nous l'air

Huit ans a t'aimer
c'etait un jeudi
la terminale B
pas une lettre depuis
Neuf je ne sais plus bien
je vais pas mentir
je ne trouve plus rien de neuf a te dire
que te reste-t-il de moi ?
mieux vaut en rester la

mais dis-moi
est-ce que je compte pour toi ?

Provérbios do São Paio

Água mole em pedra dura tanto bate,
Debaixo dos lençóis,
Até que fura
Entre as pernas.

Mais vale um pássaro na mão,
Debaixo dos lençóis,
Do que dois a voar
Entre as pernas.

Quem sai aos seus,
Debaixo dos lençóis,
Não degenera
Entre as pernas.

A preguiça,
Debaixo dos lençóis,
É a mãe de todos os vícios
Entre as pernas.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Voltei, voltei...

Deixei o meu paraíso no norte e voltei para a labuta. Menos stressada e mais entusiasmada. Com novos projectos na mira e uma força renovada que - esperemos - dêem frutos. Na cidade de todos os meus encantos, encontrei a casa e o trabalho de sempre - que tédio - e um DVD acabado de gravar com 30 dos melhores álbuns dos últimos tempos. Uma generosa oferta do D. que adora educar e mimar os meus ouvidos sedentos de novidades! Da lista constam os Cut Copy, The Verve - o primeiro single de Forth aqueceu-me, mas os restantes temas ainda não me convenceram -, CSS, Feist, Drive By Argument, Kings Of Convinience, The Hives - um dos melhores concertos a que assisti este ano -, Does It Ofend You?, MGMT, entre muitos outros. De todos o que mais me impressionou foi The Age Of Understatement. Já tinha ouvido algumas músicas dos The Last Shadow Puppets no YouTube, mas não fazia ideia que o álbum era assim: perfeito do princípio ao fim. Uma boa prova de que a união de forças é muito mais criativa do que a competição. É que se Alex Turner dos Artic Monkeys e Miles Kane dos The Rascals não se tivessem juntado neste projecto paralelo nunca poderíamos deleitar-nos com isto...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Once I found you

[Já sei, já sei que é só música, mas foi o que se conseguiu arranjar. Esta melodia

andou a ecoar nos meus ouvidos o dia todo e apeteceu-me partihar! ]

(Re)Start

Como nasce uma ideia completamente nova? Como se aprende a criar conceitos inovadores? Como se cria um criador? É o que estou a tentar perceber no livro O Efeito de Medici, do especialista em inovação Frans Johansson. Vou educar-me bem e arregarçar as mangas. E, em breve, ainda vão ouvir falar de mim!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Conclusão



Cada um tem os heróis que merece!

O meu lugar ao sol


Amanhã, vou fazer parte dos milhares de pessoas que rumarão a sul. Nem quero pensar nas filas de trânsito que nos esperam. Nem na multidão que vamos encontrar no recinto. Só quero música e mar. E que o fim-de-semana me saiba a férias. O que vale é que a próxima semana só tem quatro dias de labuta e as férias a sério estão à porta. Longe da confusão, dos afazeres, da correria. Só eu, um bom livro e um bloco de notas. E vista de mar, claro!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Experimentalismo a céu aberto

Ontem, foi noite de Jazz na Gulbenkian. Noite estrelada de Agosto. Noite de encontro de John Zorn e Fred Frith, dois pesos pesados destas andanças. Completamente desconhecidos para a minha pessoa até o D. me falar neles no Sábado. Entusiasmado como sempre por tudo o que é novo ou diferente. Fui de pé atrás. Não tinha tido boas experiências com coisas experimentais até então. Nem sou suficientemente iluminada para perceber expressões artísticas que não possa associar a algo de familiar. Ainda assim, fui aberta à descoberta. A T. também lá estava acompanhada pelo seu R.. Ouvi. Deixei-me levar e, no fim, fiz minhas as palavras de Pessoa: "Primeiro estranha-se, depois entranha-se." O cenário ajudou, é certo. Um anfiteatro ao ar livre cheio de gente e emoldurado por um belo jardim é sempre bonito de se ver. De qualquer forma, a verdade é que fiquei surpreendida pela positiva. Ou eles são mesmo bons. Ou eu não sou tão obtusa quanto pensava!

Próximos destinos

As viagens encabeçam a minha lista de desejos. Sempre. Aqui fica a lista de aventuras, ordenadas aleatoriamente, que me esperam nos próximos anos. Depois destas, virão mais certamente...

1-Volta à América Latina. Dois ou três meses sem destino certo e com o firme propósito de conhecer paisagens e culturas diversas;
2-Brasil. Acho que para ver tudo o que quero tenho mesmo de me mudar para lá uma temporada! Alguém me arranja trabalho no Paraná, Rio Grande do Sul ou Santa Catarina? Ouvi dizer que Florianópolis é imperdível...
3-Nova Iorque. De preferência em Dezembro para ver a cidade toda enfeitada e patinar no Central Park.
4-Londres. Um fim-de-semana que pode repetir-se tantas vezes quanto o necessário.
5-Moçambique. Bom, bom mesmo era encontrar por lá o Mia Couto, mas já fico contente se ouvir histórias tão inspiradoras quanto as suas.
6-Paris. Para namorar, fazer compras e ver o que ainda há por ver. E, claro, visitar a M. e o F.
7-Angola. Uma boa viagem para oferecer ao meu querido pai. Sempre quero ver se ainda há casas como aquela em que ele foi tão feliz e desenha desde que eu sou gente.
8-Grécia. Pelo mar de ilhas, pelo azul das águas, pelo branco das casas e pelo verde da inveja que tive por não ter conseguido ir há três anos.
9-Inverness, Escócia. Um sonho antigo.
10-Roma. Porque prometi lá voltar na companhia de um grande amor em plena Fontana di Trevi.
11-Florença e o que mais vier da bella Itália.
12-Marrocos. Marraquexe, Casablanca e Fez. De jipe e com amigos na garoupa.
13-Sardenha (ou qualquer ilha calma e paradisíaca q.b). Puro relax sem peso na consciência.
14-Croácia, Praga e Berlim.

Acho que, por enquanto, chega. Mas tudo o que vier por acréscimo - em trabalho ou lazer - é bem-vindo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sabedoria popular

Os antigos sempre disseram que Deus protegia os audazes. Pena a audácia não se ensinar nas escolas!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Química pura


Claire Colburn: Most of the sex I've had in my life was not as personal as that kiss.

O peso das palavras

Quem me conhece sabe que sou fanática por diálogos. Não consigo evitá-lo! Seja num filme, num livro, numa série ou até num anúncio, são eles que me chamam a atenção. Uns, de tão maus, outros, soberbos ao ponto de invejar o seu autor. Dou comigo a remoer palavra por palavra e a pensar "quem me dera ter sido eu a lembrar-me disto!". Um bom exemplo é Laura (1944), de Otto Preminger, que vi pela primeira vez numa aula de produção cinematográfica. Os diálogos são um deleite, com uma ou outra tirada de humor inteligente e um jogo de sedução quase imperceptível. Muito anos quarenta, muito golden era. Em miúda, acreditava piamente que as pessoas crescidas falavam sempre assim. Com classe, charme e uma ironia acutilante. Cresci a acreditar que uma mulher que se preze nunca mostra as cartas todas como as heroínas dessa Hollywood perdida e toma conta do rumo da sua história sem que ninguém se aperceba. E estas personagens virtuosas foram, sem dúvida, o principal objecto de admiração da minha meninice. Os guiões eram escritos à sua medida e acontecesse o que acontecesse saíam sempre vitoriosas ou porque se emancipavam do marido tirano ou porque conseguiam vingar profissionalmente ou porque contrariavam o estereótipo que a sociedade tinha criado para elas. Foi por elas que me apaixonei pelo cinema e, logo depois, pelos diálogos em geral.
Tudo isto vem a propósito de Elizabethtown, que revi ontem no conforto do meu sofá. A princípio estava com algum receio de me desiludir. Quando o vi pela primeira vez, estava tão deslumbrada e com ímpetos românticos tão incontroláveis quanto frequentes, que não me sentia capaz de tecer um juízo racional. É verdade que o tema central é o recorrente regresso a casa, mas ninguém fica indiferente à cumplicidade de Drew e Claire e o fim adivinha-se facilmente. Ainda assim é uma verdadeira lufada de ar fresco no seu género. E o que o separa das comédias românticas que já vimos dezenas de vezes? As personagens não são meras caricaturas, são sólidas e evoluem de dentro para fora. E, claro, os diálogos! Inesperados, encenados o quanto baste, mas perfeitamente credíveis. O suficiente para me dar vontade de dizer: "quem me dera ter sido eu a escrever isto!"

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Quero!


Já não subo em cima de uma beleza destas há quase um ano e sou mais surfista de areia do que outra coisa. Mas será que dá para resistir a uma prancha Chanel? É o cúmulo do luxo supérfluo!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Mudança

Parece que vou mudar (outra vez) de casa! Desde que aterrei de pára-quedas em Lisboa em 2001, já vivi em cinco casas. A primeira ficava na Quinta da Luz perto do Colombo. Eu vinha cheia de sonhos e com vontade de conquistar este mundo e o outro e depressa me apaixonei pela cidade. Dividia o quarto com a M. e na casa viviam também a mosca morta e o monstro das bolachas. A convivência não era pacífica e a coisa azedou a sério ao fim de três meses, quando descobrimos que afinal a renda ia passar para o dobro e o monstro das bolachas começou a mostrar as suas garras. Bizarro, no mínimo! Claro que em Janeiro quartos de estudante acessíveis era coisa que não abundava e não tive outro remédio senão ir para o Barreiro para casa dos meus tios, mais propriamente para um anexo amplo no terceiro andar só para mim e muito confortável. Esta segunda experiência foi muito mais agradável, mas eu estava apaixonada por Lisboa e havia um rio a separar-nos. Lá tive de aguentar a travessia de barco durante um semestre, enquanto a minha tia me estragava com mimos e a melhor comida do mundo. No segundo ano, mudei-me com a E. para a Av. 5 de Outubro. Aquilo é que era qualidade de vida: demorava cinco minutos a chegar à faculdade se apanhasse todos os sinais de peões vermelhos, um acidente, um autocarro a largar passageiros e uma velhinha a precisar de ajuda para atravessar a estrada! Tinha tudo a um passo de casa, desde o Monumental até às lojas do Saldanha. E depois era tão fácil combinar saídas com a malta da faculdade! Ia tudo ter a minha casa. Na Primavera, as árvores enchiam-se de flores, ao fim-de-semana, a rua ficava serena e à noite andava a pé sózinha sem medo. Eu e a E. dávamo-nos lindamente e até tive direito a uma festa de aniversário surpresa naquela casa. Um ano e meio depois, troquei a 5 de Outubro pela Calle Borja, em Madrid. Em vez de um minúsculo T1 transformado em T3, fui para um T5 duplex, que também tinha sido transformado para albergar seis estudantes e a proprietária. Ali vivi com duas lisboetas, uma brasileira, uma mexicana cleptomaníaca, duas francesas de origem árabe, que nos detestavam a todas e uma espanhola, a senhoria e matriarca Pilar. Era uma casa fabulosa com um terraço espaçoso, onde faziamos grandes jantaradas de Erasmus, uma sala enorme com uma panóplia de livros e dvds, onde devorávamos as séries da Factoria de Ficción e dezenas de bolachas de uma só vez, e um ambiente único. Esta seria a minha quarta casa, mas como foi fora de Lisboa não conta. De volta a Portugal, fui procurar casa com a R., porque a E. continuava na 5 de Outubro e já não havia lá espaço para mim. Fui parar novamente a Benfica, a um T2 transformado à força em T3 e não foi fácil habituar-me outra vez a um espaço tão exíguo e ainda por cima sem sala. Era o último ano da faculdade e nós queríamos aproveitá-lo a valer. Naquele número 68, riu-se muito, chorou-se muito e mudou-se muito. Crescemos, começámos a trabalhar e eu voltei a apaixonar-me e a mudar de casa. A R. foi viver com a N. e eu fui para um T2 a sério no mesmo bairro. Lá viviam duas amigas que dividiam um dos quartos, passavam a maior parte do tempo na terrinha e estavam prestes a deixar a capital. Aos poucos, fui transformando a casa à minha imagem e semelhança e o D. também se foi apoderando um pouco do espaço. Mas como em todas as histórias não há bela sem senão, o senhorio é uma personagem difícil de dobrar e ainda mais difícil de engolir. Depois de muitas divergências, cheguei à conclusão que é hora de sair. E, desta vez, além de boa, tem de ser MINHA!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O meu Chiado


No Chiado, a tradição abraça a vanguarda. O Tavares, A Brasileira e as ruínas do Carmo convivem pacificamente com o Olivier, o Mar Adentro e o Museu do Chiado. Nas ruas, misturam-se culturas, línguas e cores. Visita-se o passado n’A Vida Portuguesa, folheiam-se histórias na Bertrand, declaram-se amores no Amo-te. Provam-se sabores tipicamente nossos e de outros. Os scones do Royale Café, os gyosas do Nood, o bife da Brasserie de L’Entrecôte, os croissants da Bernard, os lanches do Tágide. Contempla-se o pulsar da cidade e o brilho do Tejo do terraço do Bairro Alto Hotel. A rua Nova do Almada e a Garrett são palco de um desfile diário, onde as tendências da moda que figuram nas montras ganham vida. O teatro, a música e a ópera entram em cena no São Luiz, no Teatro-Estúdio Mário Viegas e no São Carlos. Para mim, todos os dias são dias de Chiado!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Séries de ouro

Hollywood que se ponha a pau!

Imagine que ligava a televisão e as séries americanas tinham desaparecido da programação. Provavelmente, não acharia grande piada até porque as grelhas dos canais nacionais estão cheias de formatos importados de países como a Argentina e o México muito pouco estimulantes. Se é certo que a falta de opções tem dado lugar a uma aposta crescente em grandes sucessos made in USA, a verdade é que a sua inegável qualidade conquistou de vez os espectadores. E, sinceramente, quem é que consegue imaginar a televisão sem House, Anatomia de Grey, Donas de Casa Desesperadas, Prision Break, 24, CSI, Perdidos, Simpsons, Heroes e toda a panóplia de séries extraordinárias com selo norte-americano que têm chegado até nós?
Podíamos dizer que eles têm dinheiro, tecnologia e experiência; que têm um autêntico viveiro de actores; que importam autores dos quatro cantos do mundo. Mas em qualquer um dos casos estaríamos a ser injustos. Os Estados Unidos têm o mérito (ou pelo menos a esperteza) de apostar nos recursos nacionais e aproveitar o que lhes chega de fora. E o resultado são guiões inteligentes e até com um certo grau de experimentalismo - como é o caso da sitcom de culto Seinfield -, uma realização muito técnica próxima do cinema, uma produção exemplar e a formação de actores sólidos, que têm espaço para crescer no pequeno ecrã. É claro que tudo isto só é possível, porque os canais privados de cabo começaram a fabricar os seus próprios produtos, mais livres e arrojados do que se fazia até então. O que abriu terreno para séries ousadas como O Sexo e a Cidade, polémicas como Os Sopranos ou 24 e hilariantes como Calma, Larry. Daí para o renascimento televisivo norte-americano foram apenas alguns passos acertados.
A fórmula do sucesso não é tão misteriosa nem tão inalcançável quanto se possa pensar. Aliás, a simplicidade e originalidade são o segredo de todos estes produtos. Senão vejamos o exemplo de House, Scrubs e Anatomia de Grey. Quando ER: Serviço de Urgência parecia ter esgotado todas as formas possíveis de abordar o quotidiano de um hospital, surgem três perspectivas completamente distintas. No primeiro, temos um médico pouco convencional e muito sarcástico que encara os pacientes como um mero desafio; no segundo, acompanhamos as aventuras e desventuras de um interno que parece viver noutra dimensão; e, no terceiro, as emoções da equipa de médicos roubam o protagonismo aos casos clínicos. Um exemplo entre muitos que comprova que nenhum tema está realmente esgotado. Outro caso interessante é o de Perdidos, que parte de um conceito extremamente simples – um grupo de pessoas tenta sobreviver numa ilha depois de um desastre de avião – e conta já com três temporadas.
Quanto a mim, parece-me que o maior salto qualitativo das séries americanas deu-se ao nível da escrita. Os argumentos são cada vez mais sólidos e coerentes, as personagem fogem dos estereótipos e ganham uma dimensão humana que cria empatia no espectador e até para o non sense parece haver lugar.
Depois de décadas menos felizes, há quem diga que actualmente se encontra mais talento em estações televisivas como a HBO ou a ABC do que em todos os estúdios de Hollywood. O que nos faz recuar até a década de 50, quando a televisão levou o cinema até casa dos americanos e havia uma espécie de euforia criativa nestes dois mundos. Esperemos só que a qualidade se mantenha...e seja contagiosa!

Hoje, no Músicas Com História

Acompanho este (e outros) programas da Antena 3 quase religiosamente. Assim como o Long Play da Marginal e outros tantos da Oxigénio. Gosto mais de rádio do que de televisão. Gosto de me deixar conduzir pelas vozes no meio do trânsito. De imaginar os rostos dos locutores, de os sentir como familiares próximos, de descobrir coisas novas e correr para o computador para pesquisar. A caixinha mágica não me dá tantas surpresas e até as notícias me sabem melhor na telefonia do que no ecrã colorido. Pelo menos nenhum noticiário radiofónico abre com a Dona Lurdinhas de Sobral de Monte Agraço a contar como partiu uma perna por causa de um buraco na calçada. É verdade que não dispenso uma boa maratona de séries de vez em quando e a sessão dupla da RTP 2 sempre que posso, mas de resto pouco há no pequeno ecrã que me encha as medidas.

Tudo isto para dizer que hoje de manhã no Músicas Com História recordaram a Fast As You Can da Fiona Apple. Uma autêntica banda sonora de um amor conturbado que me acompanhou bastante há um par de anos atrás. Enjoy it!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Moral da história

Quem poupa o lobo, sacrifica as ovelhas. Já dizia Victor Hugo (1802-1885)

Fé em Deus!


Ontem, foi noite de cinema after-hours. O BOPE entrou-me pelos olhos, cabeça, entranhas adentro. Atirou a matar. Atirou para limpar a sujidade da favela. Atirou contra o lobo mau. Atirou ao som do choro das criancinhas. Atirou para as mães dormirem descansadas e poderem enterrar os seus filhos. Atirou porque o comando não é só "consciência social". Atirou porque a polícia municipal faz vista grossa. Atirou porque os filhinhos de papai gostam de brincar de traficante na Universidade. Atirou para não morrer.

(Lembrei-me do assalto. Dos putos escanzelados com cara de criança e voz de monstro. Do olhar esgazeado da dependência. Da violência das palavras e dos gestos. Do perigo eminente, da garrafa partida apontada à minha barriga, do medo aterrador. Lembrei-me da força que as minhas pernas ganharam quando me consegui soltar. De não olhar sequer para trás. De ficar sem fôlego e de as palavras tropeçarem nas lágrimas e nos soluços. Da indiferença da polícia turística. Da raiva e do calor húmido de Natal.)

Cheguei a casa tarde mas desperta. Com realidade a mais a sair-me pelos poros. Antes de adormecer, pensei que não passava de um exercício de ficção brilhante. O problema é que o que para mim é entretenimento puro ou quanto muito uma lição de sociologia é o dia-a-dia de milhares de pessoas do outro lado do Atlântico. Uma guerra aberta sem fim à vista e onde todos são culpados. De uma forma ou de outra. Os aviõezinhos ou fogueteiros começam desde cedo a vender maconha, pó ou o que quer que seja. Para sustentar a família, no início, para sustentar o vício, pouco depois. E é aqui que começa a perversidade: os grandes dão-lhes um empurrão para que fiquem agarrados e o ganha-pão transforma-se em produto consumível. Seguem-se os roubos, porque os traficantes não perdoam e o dinheiro tem que aparecer custe o que custar. Depois, tal como mostra o filme, os consumidores também têm culpas no cartório. Afinal, são eles que alimentam toda esta cadeia. E, claro, a polícia entra no jogo, facilitando a vida aos patrões do ghetto em troca da sua pele a salvo e de uns bons contos de rei. Haverá excepções certamente, mas o filme mostra que esta instituição está corrumpida até ao tutano. A precaridade salarial, os perigos a que estão sujeitos a troco de nada e a filha-da-putice pura são apresentadas como as causas para o estado das coisas. Os policias são seres humanos que têm medo de morrer, pais de família com filhos para sustentar, profissionais desmotivados que não acreditam na mudança. Resta o Batalhão de Operações Policiais Especiais, os homens de negro duros de roer e incorruptíveis. Actuam quando os outros falham e não compactuam com o sistema, porque eles ainda acreditam que podem fazer a diferença.
O filme começa com o BOPE a irromper pela favela ao som do Baile Funk . O ritmo é frenético e a câmara acompanha cada movimento, levando-nos para dentro de cena. Sentimos a angústia dos únicos dois polícias honestos do Rio e seguimos a par e passo a entrada triunfal dos homens de negro. Sente-se quase o bater do coração das personagens, a respiração ofegante, o terror dos civis. Assistimos a um rol de horrores como se de um espectáculo se tratasse e se não fosse a narração compassada do Capitão Nascimento as imagens tornar-se-iam insuportáveis. Ele é a voz da consciência. Conduz-nos através do desenrolar dos acontecimentos, abre o coração, confessa os seus próprios erros. Vemos a relidade como ele a vê, uma parte dela, uma verdade possível, uma verdade polémica o quanto baste. É por isso que Tropa de Elite é um produto ficcional e não um documentário. Genialmente realizado, interpretado e editado. E, cá entre nós, uma excelente amostra do bom cinema na língua de Camões que por lá se faz!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O deboche

"A comunidade cigana lança um ultimato ao Governo e à Câmara de Loures. Se a situação das famílias ciganas da Quinta da Fonte não for resolvida até final da semana, vai haver uma concentração de ciganos de todo o país no bairro. O anúncio foi feito, no domingo, por José Fernandes, porta-voz da comunidade.

José Fernandes pede o realojamento das 53 famílias em Lisboa e diz que, para resolver o problema, a Câmara de Loures e o Governo têm uma semana.

As famílias visitaram o bairro, este domingo, sob escolta policial, mas dizem não ter encontrado a segurança necessária para o regresso definitivo. Em comunicado, dizem que voltar à Quinta da Fonte está «fora de questão» e vão continuar em frente à Câmara de Loures. O presidente da autarquia diz não compreender porque é que as famílias não regressam a casa e apela ao «bom senso»."

TVI, 21.07.08

Ode à autenticidade

Adoro tudo no último anúncio da Super Bock. A cadência das imagens, a luz diáfana, a fotografia propositadamente imperfeita, a música ao ritmo da pulsação, o arrepio na espinha que me provoca. Tudo está feito para captar aquele momento único, irrepetível e eterno. E cumpre em pleno. Aqui fica a versão do realizador.

Detesto...


...a prepotência masculina em geral. Mascarada de insegurança e amuanço, por vezes, completamente descarada outras tantas. Por trás daquele tom paternalista, daquela mão mansa que nos passam pela cabeça ou daquele irritante ar reprovador, esconde-se a velha mania de mandar a todo o custo. Ainda assim prefiro os homens de pulso firme e decididos. Ao menos não disfarçam e num duelo entre dois grandes egos ninguém tem de se curvar. Com um pouco de sorte, acabam por mostrar ambos a bandeira branca e o cessar fogo é muito mais agradável do que uma guerra fria e silenciosa. Os outros, mais vulneráveis e dependentes, gostam de se fazer de vítimas. E isso, meus senhores, é jogo sujo!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Quero!


Este é o meu mais recente desejo de posse. Assim que o descobri - há um mês e qualquer coisa - o meu espírito estremeceu e tive vontade de saltar da cadeira e correr a comprá-lo. Valores mais altos se levantaram e tive de conter o meu impulso até agora. A comprar brevemente através do site www.fogefogebandido.com.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Até breve, Bob!


You got a lotta nerve / To say you are my friend / When I was down / You just stood there grinning
You got a lotta nerve / To say you got a helping hand to lend / You just want to be on / The side that's winning
You say I let you down / You know it's not like that / If you're so hurt / Why then don't you show it
You say you lost your faith / But that's not where it's at / You had no faith to lose / And you know it
I know the reason / That you talk behind my back / I used to be among the crowd / You're in with
Do you take me for such a fool / To think I'd make contact / With the one who tries to hide/ What he don't know to begin with
You see me on the street / You always act surprised / You say, "How are you?" "Good luck" / But you don't mean it
When you know as well as me / You'd rather see me paralyzed / Why don't you just come out once / And scream it
No, I do not feel that good / When I see the heartbreaks you embrace / If I was a master thief / Perhaps I'd rob them
And now I know you're dissatisfied / With your position and your place / Don't you understand / It's not my problem
I wish that for just one time / You could stand inside my shoes / And just for that one moment / I could be you
Yes, I wish that for just one time / You could stand inside my shoes/ You'd know what a drag it is / To see you

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Two For The Road

O filme que eu DEVIA ver hoje... Podia ser que aprendesse alguma coisa. Ou talvez não...

BA-NA-NA

Porque o Lou está cada vez mais perto do Campo Pequeno, aqui fica Heroin, uma verdadeira obra poética que condenou os The Velvet Underground à vida eterna! Por cá, Reed comemorará os 35 anos de Berlin, uma espécie de ópera rock trágica, que lhe saiu das entranhas numa altura em que lutava contra a depresão e o abuso de drogas. O coro New London Children's Choir também vai subir ao palco para ajudar à festa. Tudo a 19 de Julho, às 21h30. Ah, e esta dificilmente fará parte do alinhamento, so enjoy it!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ordem para abrandar


Enquanto a maioria de nós se perde no meio de uma agenda cheia de compromissos inadiáveis, reuniões e objectivos a cumprir, há quem comece a tirar partido da vida. Sim, porque mais de metade da população deste planeta mais não faz do que sobreviver! Embrenhados num mar insano, movidos pela lógica do cifrão, da aparência e da produtividade, esquecemo-nos das coisas mais simples. E será que realmente nos importamos? Às vezes, parece pecado admitir que temos tempo. Tempo para um café com amigos, tempo para ler, tempo para errar estrada fora. No "nosso mundinho", fica melhor dizer que estamos assoberbadíssimos (alguns, de facto, estarão), que mal conseguimos ter vida pessoal, que aquele jantar tem de ficar para daí a três meses, que temos em mãos um novo projecto e precisamos de enclausurar-nos em casa, e por aí fora. A um passo de nós, começa a crescer uma pequena minoria - na Austrália, em algumas nações nórdicas e um pouco por todo o lado - que decidiu gritar BASTA! a este ritmo frenético. Alguns somavam sucessos profissionais, tinham cargos de relevo, carreiras invejáveis...e vidas vazias. Quis a vida, ou por outra, quiseram eles que o rumo das suas histórias mudassem radicalmente. Passaram a família, os amigos e a realização pessoal para primeiro plano, disseram que não ao cargo importantíssimo que lhes roubava a tranquilidade e às despesas exageradas de um estilo de vida com estilo, mas sem vida. E, agora, contam-nos como se pode ser feliz longe de tudo o que a nós ainda nos prende. É um sinal dos tempos!

Beginner's Guide To Slow Down

Six Slow Secrets (and four more)

1. Have a cup of tea, put your feet up and stare out of the window. Warning: don’t try this while driving.
2. Spend some quality time in the bathtub.
3. Write down these words and place them where you can see them, “Multi-tasking is a Moral Weakness.”
4. Try to do only one thing at a time.
5. Do not be pushed into answering a question right away. Take your time.
6. Get some stuff to show you're slow.
7. Yawn often. Medical studies have shown lots of things and possibly that yawning may be good for you.
8. Have some more tea. Tea is the drink of the slow.
9. Join our slow story reminder list.
10. Take a nap and spend at least an hour extra in bed. You deserve it. If you need help getting out of bed, then read this. If you think you have a hard time getting to sleep then read this .
Note: If you just can't shake of an attack of seriousness, then amble slowly over to the slow blog http://www.blog.slowdownnow.org.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Vira o disco e toca o mesmo

Isto é o que anda a rodar no meu Jazz. On repeat, porque o álbum tem apenas 34 minutos e fico com a sensação que é uma música sem fim. Se gostarem, não faltem ao Optimus Alive! na próxima quinta-feira, porque estes rapazes vão andar por lá ao fim da tarde. Ah, eles são os Vampire Weekend e esta é a minha preferida I Stand Corrected!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Depois das cinzas de Cobain, a lápide de Curtis

"Pedra tumular de Ian Curtis roubada
A pedra tumular de Ian Curtis desapareceu do cemitério de Macclesfield, cidade onde o vocalista dos Joy Division nasceu.

O roubo terá acontecido entre terça-feira à tarde e quarta-feira de manhã. A polícia inglesa não tem qualquer indício sobre o paradeiro da pedra tumular, visto que o cemitério de Macclesfield - perto de Manchester - não dispõe de câmaras de vigilância."

Diário Digital, 03-07-2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

Saúde pública


Durante o meu zapping nocturno, deparei-me com uma frase surreal, que me fez duvidar se ainda estava acordada ou no meio de um pesadelo. Belisquei-me e percebi que a realidade há muito que deixou de ser lógica! Refiro-me às sinceras (seriam?) palavras de Dias Loureiro a propósito do lançamento da biografia* do nosso caro Primeiro-Ministro. É que segundo o Diário de Notícias, o ex-ministro social-democrata desfez-se em elogios ao Sr. Engenheiro e chegou mesmo a afirmar que "O optimismo de Sócrates faz bem a Portugal." Por momentos, ainda pensei que se estivesse a falar de algum medicamento ou mesmo do afamado filósofo grego. Agora que penso nisto, não sei o que é pior: o facto de Sócrates estar optimista em relação ao que quer que seja ou o facto de o país precisar desse optimismo para estar bem de saúde. No que me toca, lembro-me de me ter ocorrido enquanto mudava de canal, que o Sr. de São Bento podia enfiar o seu optimismo pelo *@#& acima! Se calhar era o sono a falar mais alto...

*Sócrates, O Menino de Ouro do PS, da autoria da jornalista Eduarda Maio

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O princípio do fim

A separação aproxima-se. Vertiginosamente. Se há retorno, não sabem. Nem querem. Nem vale a pena fazer perguntas sobre o futuro ou criar expectativas acerca de uma relação que sabem efémera e inviável. E aqui reside a sua beleza e a intensidade com que a vivem. São pássaros livres, duas almas sem amarras, sem vontade de ancorar num só porto. Talvez mais tarde. Talvez nunca mais.
Ela tem um porto de abrigo ao qual regressa depois de cada tempestade, que a acolhe e conforta. Alguém que a aceita como é. Completam-se: ela leva-lhe as histórias do seu mundo no olhar; ele oferece-lhe a paz e o equilíbrio que mais ninguém lhe consegue dar. Por alguns instantes apenas. O outro, único e irrepetível, vagueia entre a vontade de criar laços e a necessidade visceral de partir. Era inevitável: não conseguiram resistir-se. Entre eles, a música, a noite, o rio, a poesia… e a paixão. Nada mais. Ele partirá não tarda nada e o destino mantém-se desconhecido. Eventualmente, também ela terá a coragem de partir um dia. Ao seu encontro, quem sabe?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Emma Goldman

Há um século atrás, esta anarquista e feminista de origem lituana disse: "If voting changed anything, they'd make it illegal". Começo a acreditar que ela tinha toda a razão.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Há dias assim...

A menina do post anterior juntou-se aos Five O'Clock Heroes e deu voz a uma mente conturbada. Como a minha por estes dias. A dada altura na música Who, Agyness parece roubar-me as palavras da boca:

"I wish I could control all my judgments
Understand every move
Take of my mind all of this voices
Tell me what should I do"

Nobody stops her!

Ela é assim... Irreverente, confiante, destemida. Desconcertante, contoversa, independente. Ela é uma maria-rapaz feminina e senhora de si. Dita as regras do jogo e joga com prazer e muito estilo. É uma musa e ele diverte-se com ela. Ela é Agyness Deyn, ele Jean Paul Gualtier. O resultado desta mistura explosiva chama-se Ma Dame e está à vista de todos.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A apologia do non-sense



Parece que alguém na redacção ouviu as minhas preces e deixou um livro na minha secretária. Eu não me lembro de ter pedido A Filosofia Segundo Monty Python, mas agradece-se. Depois digo de minha justiça!

Quero!



Será que alguém se importa de traduzir este livro e mandá-lo para cá, por favor? Já me contentava com a versão original, vá. Alguém sabe onde posso encontrá-la? O Amazon não conta...

Dia Quatro ou Apostas ganhas

Está um dia glorioso! Talvez seja da noite bem dormida, mas o que é certo é hoje tudo me parece mais nítido, colorido, brilhante. Saímos do quarto ás 11h00, com o sono em dia e esfomeados. Corremos para o Albert mais próximo - o supermercado cá da zona - e comprámos tudo o que nos encheu o olho. Era altura de um pequeno-almoço reforçado no Vondelpark com direito a uns muffins gigantes bem fresquinhos que encontrámos numa das padarias de rua mais requisitadas. O cenário perfeito: relva, um lago, patos, árvores e comida apetecível. À nossa volta, uma mãe babada brincava com as suas filhas louríssimas, um pai de fato corria atrás do filho endiabrado (e louríssimo), um casal passeava dois cães de água enormes e brincalhões e uma rapariga (louríssima) preparava um mega-piquenique com vinho e bolos incluídos. E nós deliciámo-nos com o melhor pequeno-almoço de sempre ao som dos patos, dos risos das crianças e dos nossos risos. Este ambiente bucólico no meio da cidade faz-me lembrar as jantaradas de erasmus nos parques de Madrid de que sinto tanta falta. Já tentei importar esse conceito para Lisboa, mas não funciona. Não estamos habituados a sentar-nos na relva e a desfrutar de uma pausa a cem por cento. Nós, mediterrâneos por excelência, andamos tão acelerados que nos esquecemos dos prazeres simples. É verdade que a cidade das sete colinas não é o sítio ideal para pedalar, por exemplo, mas temos tantos espaços verdes votados ao abandono e tantos outros mal afamados que é uma pena. Também não temos o hábito tão saudável dos madrilenos e catalãos de encher as esplanadas depois do trabalho e preferimos fechar-nos a sete chaves em casa com medo sabe-se lá do quê. Se eu já passo a vida a tentar contrariar estes costumes, agora que vejo como se vive bem em Amesterdão ainda tenho mais vontade de remar contra a maré. O mais impressionante é que as casas têm as cortinas abertas durante todo o dia e quem passa na rua consegue ver o interior sem que ninguém pareça incomodado com isso. Há um respeito natural pelos outros que dispensa estas barreiras. E depois há as bicicletas, os mercados de rua, os sofás à porta de casa onde se sentam a ler um livro ou a conversar com amigos. É surpreendente como as pessoas parecem descontraídas e confiantes. Ontem, vi uma senhora muito bem arranjada nos seus cinquenta, sessenta, maquilhada e de saltos altos a pedalar e a falar ao telemóvel! Já para não falar naquelas que carregam os filhos, as compras, a mala, as flores à frente ou atrás da bicicleta ou nos rapazes que levam a namorada ao colo e continuam a pedalar sem dificuldade. Acho que me habituava depressa a este estilo de vida urbano em harmonia com a natureza. Haverá algo mais sábio do que equilibrar saúde, ecologia, bem-estar, trabalho e lazer na mesma balança?
Deixámos o Vondelpark e fomos para a Museumplein. O Rijksmuseum tem uma parte fechada ao público e só o vamos visitar se sobrar tempo e realmente nos apetecer. Nas redondezas, há ainda o Museu dos Diamantes, cujas visitas são de graça, e o Museu Van Gogh por onde vamos começar. Afinal, o impressionismo é a minha corrente artística preferida e nunca tive oportunidade de ver de perto a obra de nenhum dos seus mestres! Os impressionistas foram os primeiros a captar a essência do momento irrepetível, a força da luz, o movimento fugaz. Eram apaixonados natos, loucos, visionários. E Van Gogh foi (quase) um autodidacta, que teve a felicidade de viver em Paris no momento certo e conhecer as pessoas certas. O talento revelou-se com a perseverança e é pena que a consagração tenha tardado tanto. No fim, não resistimos e fomos à loja do museu. Comprei alguns postais e uma réplica de um quadro da fase oriental de Van Gogh.
Cá fora, o sol continuava intenso e eu queria procurar aquelas esplanadas que vi ontem de passagem. Fomos sem pressa e quando demos conta já estávamos em Waterlooplein. Da primeira vez que ali passámos não nos apercebemos que tínhamos o rio Amstel a nossos pés! A um passo do famoso mercado desta praça, fica a sala de ópera Stopera, o Museu Histórico dos Judeus e a Sinagoga Portuguesa. E muito, muito perto do local onde tirámos umas belas fotos ao rio fica o bar/esplanada mais giro de toda a cidade: De Jaren. No terraço com vista para o rio, desfrutámos de um fim de tarde delicioso, enquanto saboreávamos uma cerveja. O melhor é que este espaço tem preços muito simpáticos para a média da cidade e petiscos de fazer crescer água na boca.
O sol estava cada vez mais baixo e era o momento certo para visitar o Red Light District. Tinha algum receio, porque o D. não consegue largar a câmera e a zona não tem a melhor das famas. À medida que o sol se escondia por trás dos edifícios, as luzes vermelhas tornavam-se mais convidativas e as ruas que ladeavam as montras mais vistosas enchiam-se de homens. Nós caminhamos devagar, mas ficámos um pouco desapontados. Imaginámos um cenário glamouroso, em que as meninas esculturais tentavam seduzir os transeuntes. Em vez disso, deparámo-nos com umas raparigas muito pouco predispostas para jogos de sedução, muitas vezes a falar ao telemóvel e em poses nada sexy! Concordo com a lei holandesa, que permite a prostituição dentro de portas e proíbe a prostituição na rua. Quer se goste, quer não, ela existe em todos os cantos e mais vale regulamentar, do que assumir uma postura hipócrita e condenar. Todas as partes saem beneficiadas: o Estado ganha um novo imposto, elas ganham em segurança a todos os níveis e os clientes também. Em troca, as profissionais do sexo estão obrigadas a exames periódicos em nome da saúde pública e os donos destes espaços também enchem os bolsos. E o mesmo se passa com as coffeshops e o comércio de drogas leves sujeito a impostos. 100% de consciência, 0% de hipocrisia! Ali, encontrámos a estrada (beco) mais estreita de que há memória e o Bulldog original, criado em 1975.
Aproveitámos os últimos raios de sol, para procurar um restaurante que servisse algo típico e parece que acertámos! Nas últimas noites, temos andado ás aranhas e com a ideia fixa de poupar dinheiro. Como estamos sempre esfomeados e em cima da hora de fecho, o nosso cérebro perde o senso e fazemos sempre escolhas disparatadas. O De Beiaard é uma cervejaria com petiscos holandeses e cervejas para todos os gostos. Só para contrariar, pedimos vinho tinto porque achámos que caía melhor com a tábua de queijos. Espero que os deuses da cerveja não se chateiem e não nos preguem nenhuma partida. Vamos, finalmente, provar as famosas Bitterballen, uma mistura de almôndegas com croquetes. E, com sorte, ainda há tempo para uma tarte de maçã. Logo, conto o resultado destas iguarias!

Dia Três ou Os mortos-vivos

A luta com o intruso na noite passada tirou-nos o sono e não conseguimos sequer recuperar da maratona turística do dia. E, quando eu não durmo ou não como o suficiente, fico tão irritada que ninguém me atura. Mas não há mau humor que resista ao encanto desta cidade! Ao fim de alguns minutos junto aos canais, o stress deu lugar a um estado de contemplação pura. Almoçámos demoradamente num banco de jardim a ver os barcos a passar e partimos à descoberta da zona comercial. No cruzamento da Heiligeweg com a Kalverstraat encontrámos um dos monumentos preferidos do D.: a Diesel Store. Entrámos como em todas as cidades por onde temos passado e comecei a sentir-me observada. Subi para o piso dois para ver a colecção feminina e, quando estou a descer para o rés-do-chão, vejo-o a conversar animadamente com um dos empregados. Qual não é o meu espanto quando os ouço a falar português com sotaque madeirense! Tinham andado no mesmo colégio em miúdos e já não se viam há seis ou sete anos. O novo (velho) amigo veio para a Holanda fazer carreira no futebol, mas as barreiras falaram mais alto e o sonho ficou pelo caminho. Depois apaixonou-se por Amesterdão e por aqui ficou. Chama-se Diego, é natural do Curaçao, foi parar à Madeira por causa da bola ainda criança e diz que quer voltar para lá... um dia. Saímos da loja com a promessa de uma grande festa na noite seguinte e continuámos o nosso passeio.
Precisávamos urgentemente de algo que espantasse o sono e decidimos entrar num daqueles barcos que fazem uma visita guiada pelos canais. Começámos perto da Damrat e corremos toda a zona antiga da cidade, Red Light incluído. Passámos por esplanadas apetecíveis que ainda não tínhamos visto, por uma faculdade e por uma série de outras coisas que eu teria visto se não estivesse de olhos fechados! O sol estava tão forte e o barco era tão abafado, que acabei por me deixar embalar. O D. ia falando comigo, apontava para ali e para acolá e eu acenava com a cabeça sem dizer uma palavra. O que vale é que ele tirou dezenas de fotografias e depois vou poder ver com calma o que perdi... De regresso à Damrat, estávamos ainda mais moles do que no início, mas cedemos à tentação de nos alaparmos numa esplanada. Em vez disso, continuámos a caminhar em direcção a Jordan, para ver a casa onde Anne Frank se escreveu o diário da sua clausura. Pelo meio, ainda provámos as famosas batatas fritas de rua e entrámos no Magna Plaza, uma antiga central de correios que se transformou num centro comercial imponente.
O dia acabou como começou: com uma grande dor de cabeça. Fomos para o nosso novo hotel de malas aviadas - a minha em mísero estado porque tive de forçar o cadeado que teimava em não abrir - e encontrámos um quarto mínimo e por limpar. Lá tivemos que adiar uma vez mais o descanso e aguardar que a recepcionista desse conta do recado. Nem acredito, que estou deitada! O quarto é tão pequeno que temos de economizar espaço e coordenar-nos para nos conseguirmos mexer. esta vez, não há mesmo lugar para intrusos! Amanhã, logo veremos....

Noite Dois ou O quarto assombrado

Definitivamente, não estamos com sorte! Como disse na primeira noite, o Bema Hotel ficou muito aquém das nossas expectativas, mas estava tão cansada que cai na cama como uma pedra. Confesso que dormi muito bem e acordei sem dificuldade com o cheiro a torradas e chá. O pequeno-almoço foi servido no quarto, enquanto eu esfregava os olhos no edredão. Comemos com prazer a admirar a vista: o Concertgebouw brilhava à luz do dia, o jardim em frente ao Rijksmuseum enchia-se de turistas e os locais passeavam-se de bicicleta cheios de estilo. Como não tínhamos jantado a sério, na noite anterior, não trocámos mais de duas frases entre torradas com manteiga e doce, ovos, golos sôfregos de chá e murmúrios de satisfação.
Seguiu-se uma visita exaustiva à cidade, sob o lema "se nos perdermos, tanto melhor." Depois de muitos km de chão, regressámos ao ponto de partida. Não queríamos mais do que uma cama e um travesseiro macio para esticar o corpo. Porém, não estávamos sozinhos! Mal apagámos a luz, começámos a ouvir um ruído esquisito entre o arranhar e o amarrotar. A princípio pensámos que era no quarto ao lado. Fizemos uma vistoria à procura da fonte - possivelmente um insecto - e voltámos a apagar a luz convencidos de que não era nada. O barulho recomeçou em seguida e o D., ao acender o candeeiro, gritou: "O filho da mãe está no teu saco!" Nem podia acreditar: tínhamos um (ou seriam mais?) rato no quarto. Agora, batia tudo certo! O caixote de plástico com o letreiro "Não deixe comida fora deste recipiente.", a pressa do empregado em recolher o tabuleiro de manhã, a simpatia desmedida da recepcionista... Já nem me lembrava que tinha um resto de pão no saco e o Bema Mouse não perdeu tempo e fez o gosto ao dente enquanto tentávamos dormir! Resolvemos atirar o saco pela janela para acabarmos com a praga de uma vez por todas. E, antes de nos entregarmos a descanso, fizemos uma última vistoria que nos deu cabo dos nervos: o nosso companheiro roedor (ou um dos seus amigos) escondera-se atrás das malas. O D. passou-se e eu fiquei meia histérica, meia inerte. Não sabia sequer que tinha medo ou nojo ou lá o que era aquilo de ratos. Ele convenceu-me a deixar o quarto e encarregou-se de tirar de lá tudo o que nos pertencia não fosse o Bema Mouse fazer das suas. A mim cabia-me a tarefa de acordar o recepcionista e contar o sucedido. O rapaz ficou mais aturdido por o ter despertado do que surpreendido com a história. Da conversa surreal que tivemos nessa noite só me consigo lembrar deste trecho: "Oh, God! Amsterdam is full of mice. I had some in my old house and I lived well there. Are you sure you want another room?"
Deixámos o hotel na manhã seguinte com os trolleys pesados na mão e o dinheiro nos bolsos. Esta curta estadia não deixou saudades e, como recuperámos todo o dinheiro, fomos em busca de melhor. Decidimos ficar no bairro dos museus e começámos a bater à porta. Tudo cheio e demasiado caro. Ás11h30, deram-nos sinal verde no Quentin Hotel e estávamos tão fartos de arrastar a tralha que nem pensámos duas vezes.

Noite Dois ou Um italiano nos Paises Baixos

Há tantos italianos por metro quadrado em Amesterdão, que a cabámos por esbarrar num deles. A nossa primeira opção era o Cobra, junto ao Rijksmuseum, que, segundo o guia, é "uma excelente mostra da cozinha holandesa." Batemos com o nariz na porta, porque havia lá uma festa e fomos pregar para outra freguesia. De volta à Leidseplein a razar as 22h00, o Ristorante Pepino conquistou-nos pela variedade e pelos preços acessíveis. O D. pediu Tortellini Gratinado e eu fiquei-me pelo Tagliatelle À La Putanesca. Já comi melhor, mas fiquei bastante satisfeita e sem espaço para as panquecas com que sonhei toda a tarde!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Noite Um ou O Primeiro Repasto

O Manchester ganhou nas grandes penalidades e o meu estômago continuava a dar horas. O Cristiano Ronaldo também devia estar com dores de barriga a julgar pelas lágrimas que derramou por ter falhado um penálti. O bar onde vimos o jogo já tinha a cozinha fechada às 22h00. Os restaurantes onde batemos à porta quando a partida terminou também. Indicaram-nos o De Knijp* e nós não nos fizémos rogados. Comemos duas entradas deliciosas de tamanho mínimo. Não porque a fome fosse pouca, mas a carteira pedia moderação. Eu escolhi lasanha de peixe e o D. nacos de borrego, que até hoje estamos para saber de que parte do bicho eram. Ele está maravilhado com a cerveja - desta vez, Amstel - e eu esperei até ao fim da refeição pela minha bebida. No fim, pagámos €10 cada, porque o couvert não se pagava e a minha bebida nunca chegou. E assim, começa a nossa aventura na terra das bicicletas, dos canais e (porque não?) dos rapazes giros!

* Van Baerlestraat, 134
www. deknijp.nl

Noite Um ou A Primeira Desilusao

Aterrámos em solo holandês à hora exacta. A fama do aeroporto não o desfavorece em nada. Schiphol é tão imponente e movimentado quanto dizem, mas é fácil andar por lá sem perder o norte. As malas não demoraram mais de vinte minutos e num instante estávamos na plataforma para apanhar o combóio. Vinte minutos depois, chegámos ao centro da capital, mais concretamente à caótica Centraal Station. Os avisos pendurados por toda a parte exigem precaução: "Beware of the pickpockets!" As bicicletas espalhadas por todos os cantos, marca inconfundível de um povo que sabe viver, mostram-nos que estamos no sítio certo. E ali vai o nosso eléctrico. "Wait, wait, please. Do you stop in Museumplein?" À primeira vista, a cidade está toda em obras... O eléctrico faz um percurso sinuoso e, por enquanto, só vejo buracos e mais buracos, gruas e cimento. "Ok. É aqui."

Ah, agora sim. O Concertgebouw é belíssimo! O edifício, idealizado por Van Gendt, abriu as portas em 1888 e é considerada uma das melhores salas de espectáculos do mundo*. O interior á grandioso e o cartaz digno de respeito. Pena é não termos chegado a tempo dos famosos concertos gratuitos, às quartas ao almoço!

O Bema é já do outro lado da rua e a vizinhança parece tranquila e agradável. Já refeitos da subida das íngremes escadas, reparámos que a realidade era bem mais gasta e deslavada do que as fotografias publicadas no site do hotel. Na recepção, fomos muito bem tratados pela Nela, uma senhora com maquilhagem à drag queen muito simpática, que recebeu o pagamento adiantado de cinco noites e nos encaminhou ao quarto número 7. A desilusão devia estar estampada no meu rosto, porque mal entrámos ela perguntou-nos dezenas de vezes se não tínhamos gostado! Respirei de alívio quando ela nos deixou a sós e pude por fim dizer de minha justiça. Como já devem ter reparado, sou bastante crítica e exigente, mas será que se podia pedir mais de um quarto duplo por €70 com pequeno-almoço? Provavelmente, não e agora não havia nada a fazer. Afinal, íamos passar tanto tempo fora, que este era o menor dos nossos problemas. Soltei uma gargalhada e deixei o quarto atrás das costas. O Chelsea e o Manchester já estão a jogar e ainda temos de encontrar um bar com televisão e algo para comer...

*A fadista portuguesa Ana Moura actuou lá ontem, dia de Portugal

Dia Um - 21.05.08

Acordei ansiosa e com o corpo dorido. Acontecia-me o mesmo antes de ir para o Algarve de férias com os meus pais quando era pequena. Ficava impaciente, mal conseguia dormir e chegava a doer-me o estômago! Era um misto de medo do desconhecido, curiosidade e pressa de partir à descoberta. Já sabia que me esperavam várias horas de estrada - 500 km de distância aos cinco anos parece-nos o outro lado do mundo - e mal podia esperar para pôr o pé na areia torrida. Aguentava-me bem desperta durante todo o caminho e era a primeira a correr para a piscina mal chegava ao destino. Naquelas semanas longas, água, areia, gelados e noites bem passadas com os meus pais, tios e primos eram o suficiente para me sentir a criança mais feliz do planeta. Bons tempos!

Hoje, senti-me novamente menina. Dormi pouco, tive um sono agitado e acordei cheia de pressa. Nada de novo, porque eu estou sempre com pressa para ir a algum lado! Arranjei-me num ápice e corri para a internet para ultimar os detalhes da nossa estadia. Ainda não sabemos bem quantos dias vamos ficar em Amesterdão. O tempo logo o dirá. Agora o importante é saber onde fica exactamente o Hotel, porque vamos chegar à tardinha e o D. quer ver a final da Liga dos Campeões. E, como a mim os grandes desafios também me fascinam, faço-lhe companhia com muito gosto.

O Bema Hotel fica no número 19 da Concertgebouwplein. Mesmo em frente à principal sala de espectáculos de música clássica da cidade e a poucos metros dos dois museus mais visitados, o Van Gogh e o Rijksmuseum. Óptimo! Basta apanhar o combóio do aeroporto de Schipohl para a Central Station e, depois, o tram 16 deixa-nos quase à porta. Bem, tenho de correr para apanhar um táxi. O D. atrasou-se (um pouco) como sempre e não quero chegar em cima da hora. Holanda, aqui vou eu!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Dia Zero - 20.05.08


As viagens começam muito antes da partida. Há reservas para fazer, roteiros para planear e e_mails para avisar os amigos que nos esperam do outro lado desta aventura. Como sempre, deixámos tudo para a última e a nossa vontade era não marcar absolutamente nada. Acabámos por tomar a decisão mais ponderada de reservar a estadia em Amesterdão num hotel em conta, onde não fosse precisa caução e pudéssemos mudar de ideias sem ter de pagar nada por isso. Depois de várias pesquisas, conseguimos o local perfeito. Correcção: o local adequado ás nossas intenções, compatível com a carteira e, sobretudo, DISPONÍVEL! Para ser sincera, não estava muito entusiasmada, mas não encontrámos mais nada livre!

Com este problema resolvido, era altura de confirmar com o meu amigo Julien se podíamos ficar em casa dele em Bruxelas daí a cinco dias. Assim, matava dois coelhos de uma cajadada só: retribuía, finalmente, a visita dele e poupávamos uns euros preciosos para descobrirmos mais coisas. Com um bocado de sorte, ele até nos mostrava a capital belga como os turistas não a conhecem.

E, depois, as malas. Coisa simples para os mais práticos, mas um verdadeiro dilema para mulheres como eu que conseguem debater-se durante horas com questões como "Levo botas ou não?", "Será que vale a pena levar sandálias?", "Três casacos chegam?", "E se não me apetecer vestir nada disto?". Ainda consultei as previsões do tempo na net, mas continuava indecisa sobre o que levar. Como sempre. Com a mala fechada, levantava-se outro problema: o peso. Respirei de alívio quando a balança marcou 11 quilos e tentei convencer-me que era um peso aceitável para arrastar durante oito dias!!!!

Escolhi um livro de contos do Mia Couto e a "Crónica de uma morte anunciada" do Gabriel Garcia Marques - oferecido pela L. e pelo P. no meu aniversário -, para me acompanharem e pus na mochila o City Notebook de Amsterdam da MOLESKINE - outro belo presente de aniversário. Com a mochila ás costas e o trolley na mão estava pronta para arrancar!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Abaixo a injustiça!


Cresce em mim uma revolta desmedida. A pouco e pouco, perco o amor por este pedaço de chão a que chamo berço. Ao mesmo tempo, perco o amor-próprio, a motivação, o brio. De tempos a tempos, invade-me um desassossego inexplicável. Segue-se o conformismo e a apatia. E, no fim, regresso exausta à raiva. Raiva do estado do Estado, do estado das coisas e, sobretudo, do estado das pessoas!

Tenho pena de ter nascido nesta geração desprovida de ideais, voz política e força anímica. A geração mileurista, de Bolonha, da Europa aberta, das viagens low cost, do emprego precário, das qualificações desvalorizadas. Invejo os meus pais, não pelas oportunidades que não tiveram, mas pelo fulgor contestatário da sua juventude. Nós crescemos rodeados de facilidades, descobrimos as maravilhas das novas tecnologias ao mesmo tempo que as letras e os números, aprendemos que podemos ter tudo aquilo que queremos. Ensinaram-nos que tinhamos de estudar muito para ser alguém na vida e disseram-nos que o ensino superior nos abriria portas. Pelo caminho, habituámo-nos a ouvir falar de cunhas e da corrupção em geral ao ponto de acharmos tudo "normal". Depois, veio a crise económica do país, o primeiro emprego, o desemprego, os recibos verdes e os lamentos nos cafés de Domingo. Sobraram-nos algumas facilidades, a eterna dependência dos nossos queridos progenitores - fartos de trabalhar e a merecer algum descanso -, mas é inevitável que nos falte o chão.

De quem é a culpa? Dos nossos pais que nos iludiram com promessas de uma vida que só os filhos de alguns podem ter? Não. Também eles se acomodaram às facilidades dos tempos e foram apanhados desprevenidos. Será do Estado? Não só. E terão os nosso caros governantes contas a prestar? Também. E nós, população em geral, será que podemos lavar as mãos? Não me parece.

Não sou socióloga, nem muito menos especialista no que quer que seja. Sou uma mera cidadã inconformada com o meu (nosso) comodismo, farta dos aumentos dos impostos, do salário inglório, do desemprego em cada esquina e da falta de consciência de comunidade. Sonho com uma revolução profunda! Mas será que nos arriscariamos a tanto?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Videos pedidos

Ao que parece, em Tavira as cadeiras andam pelo ar! Se calhar é por causa do aquecimento global e é preciso alertar o Al Gore e a sua trupe para este fenómenos. Ou então, os algarvios passaram-se de vez e venderam aquele pedaço de terra a uma produtora de séries de ficção científica. Será que mudaram o nome para Allgarve? Ah, não, afinal é só um festival de performance e os tipos* filmaram as cadeiras em estúdio e socorreram-se de uns efeitos especiais e tal e coisa. Ufa, já estou mais descansada! Até o D. ficou espantado quando uma das cadeiras passou a razar-lhe a cabeça...



*PROCU.ARTE e dois ilustres alunos Restart

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Um cheirinho a Amsterdam...

Não, não vou começar a contar tudo assim de chofre! Para aguçar a curiosidade, deixo-vos um video do Club 11, o espaço mais perto do céu onde já estive. Com um ambiente muito próprio, uma decoração que nos remonta ao submundo da noite e uma vista panorâmica sobre a cidade, é sem dúvida o espaço do momento. Mas não o será por muito mais tempo! É que o edifício onde se encontra será demolido em Julho para dar lugar a um novo complexo habitacional junto às docas (Oosterdokskade). Com o fim à espreita, o Eleven prepara 11 festas inesquecíveis nas suas últimas 11 noites de vida. Let the countdown beguin!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A mil a hora

Não tive tempo para vir aqui. Entre viagens, deixei o PC desligado e limitei-me a despachar o trabalho chato na redacção. Tive de fazer, desfazer e refazer malas, planear roteiros e sonhar acordada. Ontem, acordei em Bruxelas, passei a tarde em Amesterdão e dormi em Lisboa. Hoje, tenho pela frente o Mac cheio de páginas brancas à espera de serem escritas. Em breve, terei mais tempo para narrar as minhas aventuras em Natal (RN, Brasil) e as novidades fresquinhas (ou serão quentes?) dos Países Baixos. Tenho um Moleskine todo escrevinhado que não tarda nada saltará para as páginas do blogue. Até já!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Vinte e cinco

Dentro de menos de 24 horas, completo este número redondo de anos. Há quem diga que é um quarto de século. Eu prefiro pensar que a minha história ainda mal começou. E que neste caminho acumulei mais tropeções do que arrependimentos!

"25 years and my life is still
I'm trying to get up that great big hill of hope
For a destination."

What's Up, 4 Non Blondes

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pela estrada fora


"As únicas pessoas autênticas para mim, são as LOUCAS, as que estão loucas por viver, loucas por falar, loucas por serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, as que não bocejam nem dizem nenhum lugar-comum, mas ARDEM, ardem, ardem, como fabulosas grinaldas amarelas de fogo-de-artifício a explodir!"

Jack Kerouac, a minha eterna companhia de viagens