Quem me conhece sabe que sou fanática por diálogos. Não consigo evitá-lo! Seja num filme, num livro, numa série ou até num anúncio, são eles que me chamam a atenção. Uns, de tão maus, outros, soberbos ao ponto de invejar o seu autor. Dou comigo a remoer palavra por palavra e a pensar "quem me dera ter sido eu a lembrar-me disto!". Um bom exemplo é Laura (1944), de Otto Preminger, que vi pela primeira vez numa aula de produção cinematográfica. Os diálogos são um deleite, com uma ou outra tirada de humor inteligente e um jogo de sedução quase imperceptível. Muito anos quarenta, muito golden era. Em miúda, acreditava piamente que as pessoas crescidas falavam sempre assim. Com classe, charme e uma ironia acutilante. Cresci a acreditar que uma mulher que se preze nunca mostra as cartas todas como as heroínas dessa Hollywood perdida e toma conta do rumo da sua história sem que ninguém se aperceba. E estas personagens virtuosas foram, sem dúvida, o principal objecto de admiração da minha meninice. Os guiões eram escritos à sua medida e acontecesse o que acontecesse saíam sempre vitoriosas ou porque se emancipavam do marido tirano ou porque conseguiam vingar profissionalmente ou porque contrariavam o estereótipo que a sociedade tinha criado para elas. Foi por elas que me apaixonei pelo cinema e, logo depois, pelos diálogos em geral.
Tudo isto vem a propósito de Elizabethtown, que revi ontem no conforto do meu sofá. A princípio estava com algum receio de me desiludir. Quando o vi pela primeira vez, estava tão deslumbrada e com ímpetos românticos tão incontroláveis quanto frequentes, que não me sentia capaz de tecer um juízo racional. É verdade que o tema central é o recorrente regresso a casa, mas ninguém fica indiferente à cumplicidade de Drew e Claire e o fim adivinha-se facilmente. Ainda assim é uma verdadeira lufada de ar fresco no seu género. E o que o separa das comédias românticas que já vimos dezenas de vezes? As personagens não são meras caricaturas, são sólidas e evoluem de dentro para fora. E, claro, os diálogos! Inesperados, encenados o quanto baste, mas perfeitamente credíveis. O suficiente para me dar vontade de dizer: "quem me dera ter sido eu a escrever isto!"
Tudo isto vem a propósito de Elizabethtown, que revi ontem no conforto do meu sofá. A princípio estava com algum receio de me desiludir. Quando o vi pela primeira vez, estava tão deslumbrada e com ímpetos românticos tão incontroláveis quanto frequentes, que não me sentia capaz de tecer um juízo racional. É verdade que o tema central é o recorrente regresso a casa, mas ninguém fica indiferente à cumplicidade de Drew e Claire e o fim adivinha-se facilmente. Ainda assim é uma verdadeira lufada de ar fresco no seu género. E o que o separa das comédias românticas que já vimos dezenas de vezes? As personagens não são meras caricaturas, são sólidas e evoluem de dentro para fora. E, claro, os diálogos! Inesperados, encenados o quanto baste, mas perfeitamente credíveis. O suficiente para me dar vontade de dizer: "quem me dera ter sido eu a escrever isto!"
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