Está um dia glorioso! Talvez seja da noite bem dormida, mas o que é certo é hoje tudo me parece mais nítido, colorido, brilhante. Saímos do quarto ás 11h00, com o sono em dia e esfomeados. Corremos para o Albert mais próximo - o supermercado cá da zona - e comprámos tudo o que nos encheu o olho. Era altura de um pequeno-almoço reforçado no Vondelpark com direito a uns muffins gigantes bem fresquinhos que encontrámos numa das padarias de rua mais requisitadas. O cenário perfeito: relva, um lago, patos, árvores e comida apetecível. À nossa volta, uma mãe babada brincava com as suas filhas louríssimas, um pai de fato corria atrás do filho endiabrado (e louríssimo), um casal passeava dois cães de água enormes e brincalhões e uma rapariga (louríssima) preparava um mega-piquenique com vinho e bolos incluídos. E nós deliciámo-nos com o melhor pequeno-almoço de sempre ao som dos patos, dos risos das crianças e dos nossos risos. Este ambiente bucólico no meio da cidade faz-me lembrar as jantaradas de erasmus nos parques de Madrid de que sinto tanta falta. Já tentei importar esse conceito para Lisboa, mas não funciona. Não estamos habituados a sentar-nos na relva e a desfrutar de uma pausa a cem por cento. Nós, mediterrâneos por excelência, andamos tão acelerados que nos esquecemos dos prazeres simples. É verdade que a cidade das sete colinas não é o sítio ideal para pedalar, por exemplo, mas temos tantos espaços verdes votados ao abandono e tantos outros mal afamados que é uma pena. Também não temos o hábito tão saudável dos madrilenos e catalãos de encher as esplanadas depois do trabalho e preferimos fechar-nos a sete chaves em casa com medo sabe-se lá do quê. Se eu já passo a vida a tentar contrariar estes costumes, agora que vejo como se vive bem em Amesterdão ainda tenho mais vontade de remar contra a maré. O mais impressionante é que as casas têm as cortinas abertas durante todo o dia e quem passa na rua consegue ver o interior sem que ninguém pareça incomodado com isso. Há um respeito natural pelos outros que dispensa estas barreiras. E depois há as bicicletas, os mercados de rua, os sofás à porta de casa onde se sentam a ler um livro ou a conversar com amigos. É surpreendente como as pessoas parecem descontraídas e confiantes. Ontem, vi uma senhora muito bem arranjada nos seus cinquenta, sessenta, maquilhada e de saltos altos a pedalar e a falar ao telemóvel! Já para não falar naquelas que carregam os filhos, as compras, a mala, as flores à frente ou atrás da bicicleta ou nos rapazes que levam a namorada ao colo e continuam a pedalar sem dificuldade. Acho que me habituava depressa a este estilo de vida urbano em harmonia com a natureza. Haverá algo mais sábio do que equilibrar saúde, ecologia, bem-estar, trabalho e lazer na mesma balança?
Deixámos o Vondelpark e fomos para a Museumplein. O Rijksmuseum tem uma parte fechada ao público e só o vamos visitar se sobrar tempo e realmente nos apetecer. Nas redondezas, há ainda o Museu dos Diamantes, cujas visitas são de graça, e o Museu Van Gogh por onde vamos começar. Afinal, o impressionismo é a minha corrente artística preferida e nunca tive oportunidade de ver de perto a obra de nenhum dos seus mestres! Os impressionistas foram os primeiros a captar a essência do momento irrepetível, a força da luz, o movimento fugaz. Eram apaixonados natos, loucos, visionários. E Van Gogh foi (quase) um autodidacta, que teve a felicidade de viver em Paris no momento certo e conhecer as pessoas certas. O talento revelou-se com a perseverança e é pena que a consagração tenha tardado tanto. No fim, não resistimos e fomos à loja do museu. Comprei alguns postais e uma réplica de um quadro da fase oriental de Van Gogh.
Cá fora, o sol continuava intenso e eu queria procurar aquelas esplanadas que vi ontem de passagem. Fomos sem pressa e quando demos conta já estávamos em Waterlooplein. Da primeira vez que ali passámos não nos apercebemos que tínhamos o rio Amstel a nossos pés! A um passo do famoso mercado desta praça, fica a sala de ópera Stopera, o Museu Histórico dos Judeus e a Sinagoga Portuguesa. E muito, muito perto do local onde tirámos umas belas fotos ao rio fica o bar/esplanada mais giro de toda a cidade: De Jaren. No terraço com vista para o rio, desfrutámos de um fim de tarde delicioso, enquanto saboreávamos uma cerveja. O melhor é que este espaço tem preços muito simpáticos para a média da cidade e petiscos de fazer crescer água na boca.
O sol estava cada vez mais baixo e era o momento certo para visitar o Red Light District. Tinha algum receio, porque o D. não consegue largar a câmera e a zona não tem a melhor das famas. À medida que o sol se escondia por trás dos edifícios, as luzes vermelhas tornavam-se mais convidativas e as ruas que ladeavam as montras mais vistosas enchiam-se de homens. Nós caminhamos devagar, mas ficámos um pouco desapontados. Imaginámos um cenário glamouroso, em que as meninas esculturais tentavam seduzir os transeuntes. Em vez disso, deparámo-nos com umas raparigas muito pouco predispostas para jogos de sedução, muitas vezes a falar ao telemóvel e em poses nada sexy! Concordo com a lei holandesa, que permite a prostituição dentro de portas e proíbe a prostituição na rua. Quer se goste, quer não, ela existe em todos os cantos e mais vale regulamentar, do que assumir uma postura hipócrita e condenar. Todas as partes saem beneficiadas: o Estado ganha um novo imposto, elas ganham em segurança a todos os níveis e os clientes também. Em troca, as profissionais do sexo estão obrigadas a exames periódicos em nome da saúde pública e os donos destes espaços também enchem os bolsos. E o mesmo se passa com as coffeshops e o comércio de drogas leves sujeito a impostos. 100% de consciência, 0% de hipocrisia! Ali, encontrámos a estrada (beco) mais estreita de que há memória e o Bulldog original, criado em 1975.
Aproveitámos os últimos raios de sol, para procurar um restaurante que servisse algo típico e parece que acertámos! Nas últimas noites, temos andado ás aranhas e com a ideia fixa de poupar dinheiro. Como estamos sempre esfomeados e em cima da hora de fecho, o nosso cérebro perde o senso e fazemos sempre escolhas disparatadas. O De Beiaard é uma cervejaria com petiscos holandeses e cervejas para todos os gostos. Só para contrariar, pedimos vinho tinto porque achámos que caía melhor com a tábua de queijos. Espero que os deuses da cerveja não se chateiem e não nos preguem nenhuma partida. Vamos, finalmente, provar as famosas Bitterballen, uma mistura de almôndegas com croquetes. E, com sorte, ainda há tempo para uma tarte de maçã. Logo, conto o resultado destas iguarias!
Deixámos o Vondelpark e fomos para a Museumplein. O Rijksmuseum tem uma parte fechada ao público e só o vamos visitar se sobrar tempo e realmente nos apetecer. Nas redondezas, há ainda o Museu dos Diamantes, cujas visitas são de graça, e o Museu Van Gogh por onde vamos começar. Afinal, o impressionismo é a minha corrente artística preferida e nunca tive oportunidade de ver de perto a obra de nenhum dos seus mestres! Os impressionistas foram os primeiros a captar a essência do momento irrepetível, a força da luz, o movimento fugaz. Eram apaixonados natos, loucos, visionários. E Van Gogh foi (quase) um autodidacta, que teve a felicidade de viver em Paris no momento certo e conhecer as pessoas certas. O talento revelou-se com a perseverança e é pena que a consagração tenha tardado tanto. No fim, não resistimos e fomos à loja do museu. Comprei alguns postais e uma réplica de um quadro da fase oriental de Van Gogh.
Cá fora, o sol continuava intenso e eu queria procurar aquelas esplanadas que vi ontem de passagem. Fomos sem pressa e quando demos conta já estávamos em Waterlooplein. Da primeira vez que ali passámos não nos apercebemos que tínhamos o rio Amstel a nossos pés! A um passo do famoso mercado desta praça, fica a sala de ópera Stopera, o Museu Histórico dos Judeus e a Sinagoga Portuguesa. E muito, muito perto do local onde tirámos umas belas fotos ao rio fica o bar/esplanada mais giro de toda a cidade: De Jaren. No terraço com vista para o rio, desfrutámos de um fim de tarde delicioso, enquanto saboreávamos uma cerveja. O melhor é que este espaço tem preços muito simpáticos para a média da cidade e petiscos de fazer crescer água na boca.
O sol estava cada vez mais baixo e era o momento certo para visitar o Red Light District. Tinha algum receio, porque o D. não consegue largar a câmera e a zona não tem a melhor das famas. À medida que o sol se escondia por trás dos edifícios, as luzes vermelhas tornavam-se mais convidativas e as ruas que ladeavam as montras mais vistosas enchiam-se de homens. Nós caminhamos devagar, mas ficámos um pouco desapontados. Imaginámos um cenário glamouroso, em que as meninas esculturais tentavam seduzir os transeuntes. Em vez disso, deparámo-nos com umas raparigas muito pouco predispostas para jogos de sedução, muitas vezes a falar ao telemóvel e em poses nada sexy! Concordo com a lei holandesa, que permite a prostituição dentro de portas e proíbe a prostituição na rua. Quer se goste, quer não, ela existe em todos os cantos e mais vale regulamentar, do que assumir uma postura hipócrita e condenar. Todas as partes saem beneficiadas: o Estado ganha um novo imposto, elas ganham em segurança a todos os níveis e os clientes também. Em troca, as profissionais do sexo estão obrigadas a exames periódicos em nome da saúde pública e os donos destes espaços também enchem os bolsos. E o mesmo se passa com as coffeshops e o comércio de drogas leves sujeito a impostos. 100% de consciência, 0% de hipocrisia! Ali, encontrámos a estrada (beco) mais estreita de que há memória e o Bulldog original, criado em 1975.
Aproveitámos os últimos raios de sol, para procurar um restaurante que servisse algo típico e parece que acertámos! Nas últimas noites, temos andado ás aranhas e com a ideia fixa de poupar dinheiro. Como estamos sempre esfomeados e em cima da hora de fecho, o nosso cérebro perde o senso e fazemos sempre escolhas disparatadas. O De Beiaard é uma cervejaria com petiscos holandeses e cervejas para todos os gostos. Só para contrariar, pedimos vinho tinto porque achámos que caía melhor com a tábua de queijos. Espero que os deuses da cerveja não se chateiem e não nos preguem nenhuma partida. Vamos, finalmente, provar as famosas Bitterballen, uma mistura de almôndegas com croquetes. E, com sorte, ainda há tempo para uma tarte de maçã. Logo, conto o resultado destas iguarias!
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