terça-feira, 8 de abril de 2008
Transformer
Ontem, dormi com o Lou Reed. Na cabeça e nos ouvidos, entenda-se. Acordei com ele a sussurrar-me e com uma série de imagens do submundo novaiorquino das décadas de 60 e 70 a povoar-me o imaginário. Senti um arrepio na espinha e uma imensa vontade de ter nascido noutro tempo, noutro lugar, noutro corpo. Como ele um dia o desejou
"I wish that I was born a thousand years ago
I wish that I'd sailed the darkened seas
On a great big clipper ship
Going from this land here to that
I put on a sailor's suit and cap"*
Tudo isto por causa do documentário Rock & Roll Heart: Lou Reed**, que me revolveu as entranhas e mexeu com medos antigos. No meio de todo aquele desfile de excentricidade e poesia, destaco as palavras sábias que Warhol lhe dirigiu. Qualquer coisa como
"És demasiado preguiçoso, Lou. Se queres ser poeta tens de trabalhar. Quantas músicas compuseste hoje? O trabalho é a única coisa importante. Sem trabalho, não há criação. Eu sei que podes dar muito mais do que dás."
Acho que o carapuço também me serviu a mim! E, quanto ao Lou Reed, tenho a sensação que não vou resistir à apresentação de Berlin*** no Campo Pequeno para reviver o que nunca vivi. É já a 19 de Julho.
*Heroin, The Velvet Underground and Nico, 1967
**de Timothy Greenfield-Sanders
***1973
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